Introdução
Alguns meses atrás escrevi um artigo sobre o Project Blue: um novo modo de jogo para o Flesh and Blood mais barato e com um tempo de jogo menor, só que então ele era um projeto. O conceito e a ideia estavam lá, mas nada concretizado.
Eis que então, após a live de sexto aniversário e com a confirmação no Mundial, temos o Project Blue em sua forma final e oficializado: o Silver Age. Porém, o que não esperávamos era o tamanho do empenho que a empresa está colocando no formato.
Mas será que essa será uma boa aposta da LSS como o próximo formato competitivo?
Recapitulando: o que é o Silver Age?
Para aqueles que já acompanhavam o crescimento do Project Blue, a estrutura do Silver Age é exatamente a mesma: um deck de exatas 40 cartas mais 15 cartas no inventário (incluindo Weapons, Equipments e cartas que desejar fazer sideboard) e o jogo de 35 minutos.
A novidade aqui é que o deck só pode conter cartas comuns ou raras - incluindo o herói (nada de Enigma, New Moon ou Emperor, Dracai of Aesir).
Essa restrição de deckbuilding possibilita duas coisas: Decks meta bem mais baratos e a revitalização de cartas que não conseguiam jogar em outros formatos, seja devido a um herói já ter atingido o Living Legend ou por não ter espaço pela existência de uma carta Majestic ou Legendary melhor.
Além disso, uma extensa lista de banidas nasce com o formato:
Lista de Banidas do Silver Age
Além das cartas já banidas no Project Blue (que ainda permanecem intactas), Nimby (1), Old Knocker, Fiddler’s Green (1), Honing Hood, Reality Refractor e Vigorous Smashup (1) foram incluídas.
A lista traz uma mensagem clara: sem staples de decks ofensivos e defensivos - forçando os decks a jogar de maneira mais equilibrada entre si.
As fortes apostas no formato
O Silver Age chega junto com o anúncio de diversos torneios para 2026, além de uma nova linha de produtos.
Os Showdowns e a temporada de Pro Quest
A primeira mudança que teremos no competitivo é a substituição dos Battle Hardened por um torneio chamado Showdown. Na prática a estrutura do torneio é a mesma, porém o formato (que até então era Classic Constructed ou Living Legend) será Silver Age em todo o ano de 2026, colocando assim o Silver Age já em destaque nos mais altos níveis competitivos.
Mas esse não é o único torneio onde o Silver age estará presente

Além de uma parte dos Pro Quests: Las Vegas e uma temporada inteira de Skirmish, o Pro Tour: Las Vegas também será dividido entre o Classic Constructed e o novo formato.
Uma nova coleção
A próxima coleção de FaB será Compendium of Rathe: um set suplementar (ou seja, ele não é draftável) com foco em todas as classes, mas o maior destaque será em seu foco no Classic Constructed e no Silver Age, abrangendo uma quantidade enorme de novas cartas comuns e raras novas.
Com essa coleção, o Silver Age pode sofrer uma repaginada completa em sua estreia competitiva, além de reviravoltas no meta.
Novos pré-construídos

Também, junto à nova coleção, chegará uma série de novos decks pré-construídos voltados para o Silver Age. Chamados de “Chapter 1 & 2”, os pré-construídos vêm com uma promessa forte: decks prontos para torneio. Você não precisa trocar uma carta, basta abrir qualquer um deles e você terá chances reais de ganhar um torneio.
Ainda não sabemos as listas desses decks, mas a promessa de serem competitivos a um preço extremamente acessível (US$ 20) os tornam um dos melhores produtos selados de FaB; bem melhor do que os antigos decks Blitz.
Uma nova rotação
Diferente dos demais formatos, não teremos uma rotação no sistema de Living Legend. No lugar, uma nova rotação será adicionada: a rotação por votação.
A cada temporada competitiva, uma janela de votação será aberta para a comunidade decidir que herói deve rotacionar. Os três heróis mais votados (e mais um escolhido pelos desenvolvedores) deixarão de ser válidos na próxima temporada; no entanto, se eles não forem votados novamente, eles retornarão.
Esse novo sistema não só deixa mais democrática a modelagem do meta como também permite que a comunidade tenha uma importância significativa no formato.
Por que tanto foco no Silver Age?
A estreia do Silver Age vem muito forte, mas tudo isso possui um contexto.
A morte do Blitz
De volta para 2020, a LSS anunciou o Blitz e, em seu artigo de estreia, ele tinha a seguinte proposta:
“O Blitz possui uma proposta diferente. Ele oferece jogos rápidos e divertidos, onde acreditamos que ele se encaixa bem com o programa Play Anywhere, jogos casuais e no tempo onde as LGSs possam operar (...)”
Além disso, o Blitz assumia o papel do formato porta de entrada, onde um jogador novato poderia entrar no FaB sem precisar investir tanto como investiria em um deck do Classic Constructed.
Porém, cinco anos se passaram desde o anúncio e algumas premissas já não são mais verdadeiras.
A primeira é a questão da porta de entrada. Se analisarmos o mesmo herói em sua versão Blitz e Classic Constructed, veremos que o preço não é tão diferente. É claro que uma cópia de Command and Conquer a menos faz o deck bem mais barato, mas diversas cartas caras - principalmente Equipments - ainda estavam presentes, e por ser um formato com menos vida, ter Equipments que tenham um valor de block melhor (em sua maioria os Legendarys) faz muita diferença.
Outro quesito é o fator diversão. “Diversão” é algo extremamente relativo, porém a sensação geral da comunidade é que o formato não era divertido. À medida que novas cartas e heróis entravam, ficava claro que quem ganhava no “cara ou coroa” estava muito à frente no jogo. O maior exemplo disso era com Rhinar, que poderia ganhar turno zero, sem que o oponente pudesse interagir com isso.
Com tantos problemas, a LSS até tentou corrigi-los: ano passado, o limite para o Living Legend foi de 500 para 1000 pontos e os banimentos foram mais agressivos, mas o ciclo sempre parecia se repetir: quando um herói “problemático” atingia o Living Legend, um novo ocupava o seu lugar e se tornava tão problemático quanto.
Com o passar do tempo, jogadores mais experientes perdiam cada vez mais interesse no Blitz e, com a adição da linha de produtos Armory Deck, novatos tinham uma porta de entrada melhor pelo Classic Constructed. Com todos esses fatores, a LSS retirou o Blitz de qualquer tipo de torneio competitivo.
A impopularidade do Commoner
A alternativa ao Blitz seria, então, o Commoner: o formato onde só são permitidas cartas comuns. Ele cumpre bem o propósito de ser barato e uma boa porta de entrada para novatos, porém, para jogadores mais experientes e competitivos, ele é bem desinteressante.
Devido à sua limitação de deckbuilding, os decks acabavam sendo “simples demais”, fazendo com que o jogo não tivesse jogadas tão interessantes de se executar. Além disso, devido à restrição de comuns, diversos heróis populares como Dromai e Viserai não tivessem espaço para jogar por serem ruins, fazendo também com que diversos jogadores não tivessem interesse pelo Commoner.
Com todos esses fatores, o Silver Age visa resolver o problema desses dois formatos de heróis Young: uma redução no Power Level do Blitz e reduzir sua velocidade, enquanto mantém os benefícios do Commoner mas com uma melhoria nas opções de cartas e decks.
As fichas estão na mesa
A aposta da LSS está lançada. Novos produtos, diversos eventos competitivos de alto nível e uma coleção inteira para injetar no jogo. Uma aposta assim em um formato tão novo é algo extremamente arriscado de se fazer, então qual é o objetivo da LSS?
Silver Age pode ser o que o FaB precisava para se tornar um jogo popular.
FaB ainda carrega consigo a fama de ser um jogo caro. Apesar de isso não ser necessariamente verdade se comparado a outros TCGs competitivos (mas isso daria um artigo à parte), essa fama pode ser o suficiente para afastar novos jogadores. Oferecer um formato barato, extremamente competitivo, com suporte da empresa e premiações oficiais pode ser o que faltava para o jogo alavancar tanto para os jogadores casuais quanto para os mais competitivos (até mesmo de outros TCGs) sem investir tanto.
Para se ter uma noção da popularidade que o Silver Age possui, no simulador Talishar.net, nas últimas duas semanas, tivemos aproximadamente 27 mil jogos (para comparação, Classic Constructed teve 24 mil jogos no mesmo período).
Com um investimento tão grande, o Silver Age tem todas as ferramentas para dar certo, mas o que será determinante nessa caminhada será o seu balanceamento para mantê-lo saudável e equilibrado.
E você, o que achou do Silver Age? Animado para jogá-lo?
Obrigado por ler até aqui e até a próxima













— Comments 0
, Reactions 1
Be the first to comment