Introdução
Montar listas não é uma tarefa fácil. Devemos levar muitas coisas em conta, como a proporção das cores, custo e como vamos pagá-los, condição de vitória, consistência do plano entre outras coisas.
Além de tudo isso, a construção de deck é o primeiro passo para começar a jogar com uma lista própria. Então por onde começar para ter uma melhor noção de construção?
Vamos discutir alguns tópicos desse conceito e os primeiros passos de como pensar na construção de um deck.
Objetivo e a escolha do herói
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Então vamos começar uma lista do zero. Antes de pegarmos diversas cartas que achamos legais e colocarmos em um conjunto de 60 cartas, temos que começar a responder uma única pergunta:
“O que o meu deck que fazer?”
A resposta dessa pergunta será nossa bússola para a montagem. Respostas mal elaboradas ou não tão claras podem atrapalhar no momento em que montamos um deck. Respostas como “Quero fazer uma estratégia agressiva” não são o suficiente, por isso pense bem e elabore da melhor maneira possível essa resposta. Alguns exemplos são:
- “Quero que meu deck seja voltado em esgotar os recursos do oponente - ganhando assim com os meus recursos restantes”;
- “Um deck que faça longas combat chains com ataques chatos de se bloquear e que finalize o oponente aos poucos”;
- “Um deck com diversas cartas que gerem um valor acima do esperado e que o meu valor será sempre melhor que o do oponente”;
- “Um deck que faça uma sequência de cartas que garantirá o dano letal necessário”;
- “Um deck que possua cartas tão disruptivas que não deixarei meu oponente realizar o plano dele”
Uma vez com a resposta feita, podemos partir para o herói que melhor se encaixa nela. Você pode fazer essa ordem inversa também: escolher primeiro o herói e depois, a partir dele, elaborar a sua resposta.
Nesse artigo vamos montar um dos meus heróis favoritos no formato Living Legend: Iyslander, Stormbind!
Agora temos que responder à pergunta. Como Iyslander possui uma gama de ferramentas disruptivas através de Frostbite e cartas Ice, vamos utilizá-las para parar o plano do oponente e, ainda, utilizar diversas cartas que causam bastante dano e ir minerando a vida do oponente até ele se colocar em situações perigosas, por isso vamos nos basear na seguinte resposta:
“Quero que meu deck seja voltado ao valor onde todas as minhas cartas vermelhas gerem um valor acima da média e as demais (azuis e amarelas) me ajudem nesse plano - seja ofensivamente, defensivamente ou com disrupções”.
Note que essa resposta é genérica o suficiente para outros heróis. Podemos aplicar ela a Enigma, Ledger of Ancestry, Teklovossen, Esteemed Magnate e Victor Goldmane, High and Mighty, por exemplo, mas o mais importante é que devemos sempre pensar nessa resposta ao montar o nosso deck e que ela deve ser clara o suficiente para a seleção de cartas.
Vamos então à parte mais delicada e a favorita de alguns jogadores: a escolha de cartas. Note que isso não é um deck tech de Iyslander, e sim mostramos o processo de como montar o deck.
Montando o deck
Entre a vasta quantidade de ferramentas disponíveis, temos que escolher as que melhor se encaixam no plano. Por onde começar fica a critério de cada um, mas gosto de começar pelas principais condições de vitórias do deck - ou seja, as principais cartas que ajudarão a ganhar uma partida.
Então nosso objetivo é tirar o maior valor possível com a menor mão possível e isso pode ser feito de diversas maneiras, vamos analisar algumas.
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Apesar de Iyslander abusar muito de azuis, ainda precisamos das vermelhas que inflijam algum tipo de dano e acelerar o jogo. Você pode olhar para Actions como Aether Hail (1) e Ice Bolt (1) e colocá-las como as principais fontes de dano.
Com uma azul qualquer na mão, Aether Hail (1) e Waning Moon damos um total de seis de dano arcano no nosso turno, mas e se no lugar do dano arcano não colocamos Wounded Bull (1)? Como a maga já possui naturalmente menos vida, podemos colocar esses ataques que tiram um alto valor com menos vida utilizando a mesma quantidade de cartas.
Com Wounded Bull (1) na mão e uma azul qualquer, ameaçamos oito de dano (em contrapartida de seis de dano arcano). Existem vantagens e desvantagens em cada uma dessas abordagens, mas não vamos fugir do nosso objetivo: montar um deck eficiente.
Logo, nossas vermelhas serão compostas das cartas mais eficientes possíveis abusando do fato de termos menos vida: Wounded Bull (1), Scar for a Scar (1) e Fyendal's Fighting Spirit (1), mas Enlightened Strike (1) também possui uma flexibilidade em ameaçar 7 de dano ou garantir um arsenal.
Mas será que não temos mais vermelhas eficientes?
Causar cinco de dano arcano custando três pode parecer bem ineficiente, porém o fato de seu efeito on-hit obrigar o oponente a perderpelo menos uma carta da mão pode elevar o valor que ela pode gerar. Além disso, ela colabora com nosso segundo objetivo: gerar disrupção, por isso vamos colocar ela em nosso deck também.
Com o nosso conjunto de vermelhas ofensivas feitas, precisamos agora pensar nas azuis, mas note que não vamos colocar qualquer azul no deck. Iyslander pode abusar muito de azuis no arsenal, por isso algumas prioridades devem ser atendidas - se aproveitando da habilidade da heroína, sendo elas:
- Ser uma ação de não ataque;
- Possuir o talento Ice;
- Bloquear três (é mais desejável, mas não é obrigatório);
- Ser disruptivo de alguma maneira.
O jogo não possui cartas o suficiente que atenda todas essas exigências, por isso vamos observar o que temos disponível e colocar as melhores azuis ao nosso dispor.
Como exemplo, vamos colocar algumas azuis que fazem sentido no deck e outras que são estranhas ao nosso objetivo.
Algumas cartas de baixo custo são excelentes para o nosso plano por conta de Waning Moon, assim podemos jogar a azul do arsenal e ativar a arma com apenas uma azul da mão. Azuis como Channel Lake Frigid (3), Cold Snap (3) e Amulet of Ice (3) cumprem o nosso objetivo de apresentar disrupção no turno do oponente, então podemos colocar diversas outras azuis que fazem isso.
Mas que tipo de azul não faz sentido para Iyslander?
Veja que Chill to the Bone (3) cumpre alguns requisitos: é uma carta Ice que não é custosa de se jogar do arsenal, no entanto, seu efeito é completamente irrelevante para o plano. Em contrapartida, Polar Blast (3) tem um efeito irrelevante no turno do oponente, porém a possibilidade de jogar no nosso turno para dar dominate para algum ataque e ainda comprar uma carta o torna bem importante.
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Outro exemplo que não compactua com nosso plano é Winter's Grasp (3). Apesar de ser Ice e bloquear três, ele é uma Attack Action, o que impede de ser jogado no turno do oponente e pode acabar “travando” o arsenal.
Esses são alguns exemplos. Lembre-se que é sempre importante lembrar o seu principal plano de jogo, sua condição de vitória e as demais ferramentas que te auxiliem nessa condição
Reconhecendo as forças e fraquezas
Nem todo deck é perfeito. Uma vez estabelecida a estratégia e o rascunho da lista, é importante reconhecer quais as forças e fraquezas para podermos montar uma das principais ferramentas para cobrir as fraquezas: o inventário.
Nesse ponto, é importante ter muito claro qual a fraqueza do seu deck para ser possível selecionar um conjunto de ferramentas que ajudem a reforçá-lo. Vamos a alguns exemplos.
- Se a principal fraqueza de Dash, Inventor Extraordinaire é a fadiga, colocar os itens Induction Chamber (1) e Plasma Purifier (1);
- Para Victor Goldmane, High and Mighty sua maior dificuldade está em ter cadência de ataques, então podemos incluir no inventário Zealous Belting (1) e Rouse the Ancients (3);
- Ser Boltyn, Breaker of Dawn pode ter dificuldades com seu plano midrange principal em algumas partidas, por isso ele pode deixar no inventário Cintari Saber em matchs onde fazer o combo pode garantir uma vitória.
E é assim com todos os heróis do jogo. Alguns heróis precisam de mais cartas no deck para cobrir essas fraquezas, já outros cobrem ela com equipamentos (Runeblades, por exemplo, são um dos que mais usam equipamentos no inventário). No caso da Iyslander, vamos pensar o que seria essencial no inventário.
O inventário como ferramenta
Uma das forças da heroína é sua eficiência no jogo do “vai e volta”: um jogo onde você e oponente fazem um plano idêntico que, aqui no caso, é se defender e atacar eficientemente. Nesses casos podemos pensar que a heroína não precisa de cartas adicionais para o seu plano e podemos manter as nossas 60 cartas principais.
Então quais são nossas fraquezas? As fraquezas da heroína são os arquétipos mais extremos: os super agressivos onde qualquer vacilo por parte da heroína é morte na certa ou os decks mais voltados para fadiga, onde não temos gás o suficiente para apresentar dano e finalizar o jogo. Nessas situações podemos utilizar o inventário para fortalecer nossa estratégia.
Contra decks super agressivos podemos colocar ferramentas que fazem sentido somente nessas estratégias: Balance of Justice, Channel the Bleak Expanse (3) (uma vez que eles compram muitas cartas), Hypothermia (3) (para dar disrupção no go again) e Brain Freeze (3) (já que eles utilizam muitas cartas de custo zero). Pode parecer exagero a quantidade de cartas somente para essas partidas, mas quanto mais garantido de que haverá disrupção todo turno contra essas estratégias agressivas, melhor a partida se tornará para Iyslander.
No outro espectro, é necessário mais suporte também contra decks de fadiga. Para isso será preciso fazer o combo de Ice Eternal (3) com Frost Hex (3) e reduzir a vida do oponente significativamente em apenas um turno. Energy Potion (3) nos ajuda já que o recurso extra do item é essencial no combo.
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Adaptando listas prontas
Às vezes não queremos montar listas do zero, principalmente de heróis já bem estabelecidos no jogo e que não possuem muito espaço para inovação. Apesar de funcionar a estratégia de “copiar e colar”, é importante termos noções de construção para adaptar essas listas que podem estar defasadas ou muito fechadas em um meta específico.
Por exemplo: uma lista com Erase Face (1) está mirando em um meta com predominância de decks que se importem com seus respectivos talentos e/ou classe. Era uma carta muito importante no começo de 2023 com a tríade Fai, Rising Rebellion, Iyslander, Stormbind e Oldhim, Grandfather of Eternity, mas hoje em dia acabou caindo em desuso.
Por conta disso, é importante se atentar ao metagame que você está enfrentando e quais ferramentas se tornam mais adequadas. De nada adianta utilizar Down and Dirty se não existir Illusionist em um torneio, por exemplo.
Finalizando
A construção de decks é uma área bem extensa e complexa de qualquer Card Game. Aqui abordamos alguns tópicos a se pensar quando montamos um deck, mas diversos outros podem aprofundar o assunto como balanceamento de cores, a matemática probabilística de comprar mãos consistentes e assim por diante.
Por hoje ficaremos com o pilar desse conceito, mas sinta-se à vontade para pesquisar mais a fundo no assunto.
Obrigado por ler até aqui e até a próxima!
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