Introdução
Analisar arquétipos do Flesh and Blood pode ser um pouco complicado devido à natureza do jogo, que não foca em permanentes, como outros TCGs. Contudo, uma estratégia clara e um tanto quanto única em FaB é a fadiga.
Hoje, vamos analisar um deck de fadiga sob outro ponto de vista, entendê-lo melhor, e ver a fundo como jogar com ele e como enfrentá-lo.
O Que é Fadiga?
A estratégia de fadiga consiste, basicamente, em segurar o jogo até os recursos do seu oponente acabarem e, a partir desse ponto, começar a finalizar o jogo, já que você ainda terá diversas cartas.
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Apesar de ser considerada um arquétipo prejudicial ao jogo por diversos jogadores, a fadiga já se mostrou eficiente em diversos jogos, e também se mostrou uma estratégia bem sólida.
Existem dois tipos de fadiga:
- Fadiga por deck: quando o deck do oponente acaba, ele não possui mais cartas para jogar, e você finaliza o jogo por ter mais cartas;
- Fadiga por dano: quando o deck apresenta tanta pressão de dano que o oponente deve bloquear para não levar dano letal.
Como Ser Um Deck de Fadiga
Diferente do que muitos jogadores pensam, um deck de fadiga não é um deck que "tem todas as Defense Reactions em 60 cartas" ou um deck que "deixa o oponente jogar sozinho por 50 minutos". Para ser um bom deck de fadiga, um deck precisa de algumas peças. Elas são:
- Boas ferramentas defensivas;
- Recursividade;
- Punir o oponente sempre que possível.
Vamos ver cada um desses tópicos com exemplos.
Ferramentas Defensivas
Esse é o ponto mais óbvio e que a maioria dos jogadores pensa quando enfrentam um deck de fadiga. Um deck de fadiga precisa de boas ferramentas para se defender e negar qualquer tipo de dano.
Além das clássicas cartas genéricas (Sink Below (1), Fate Foreseen (1), e Oasis Respite (1)), um deck mais dedicado a esta estratégia pode utilizar mais cartas, como Healing Balm (1), Sigil of Solace (1), e Peace of Mind (1). Contudo, além das cartas genéricas, a classe do Herói em questão pode ajudar bastante.
Classes como Warrior e Guardian têm essas ferramentas defensivas, o que também nos permite construir arquétipos como Dorinthea Ironsong fadiga. Além dessas classes, o talento Earth também tem uma premissa defensiva, com cartas como Crown of Seeds e o token de Embodiment of Earth. Isso também permitia Briar, Warden of Thorns focar nessa estratégia.
Recursividade
Como você precisa ter uma boa quantidade de cartas para finalizar o jogo, um deck de fadiga precisa realizar algumas ações do seu plano sem gastar cartas, ou seja, ele precisa dar pitch em cartas o tempo todo para suas cartas não acabarem.
Uma das melhores maneiras de aplicar recursividade é através da sua arma, mas ela não é restrita só a isso.
Armas são excelentes para finalizar um jogo com essa estratégia. Titan's Fist, por exemplo, ameaça quatro de dano (um breaking point) sem gastar cartas do seu deck; logo, você sempre poderá ameaçar esse dano todo turno. Outro herói que aplica muito bem esse conceito é Dash, Inventor Extraordinaire através de seu ciclo de Teklo Plasma Pistol e várias Induction Chamber (1) e Plasma Purifier (1). Note que ela sempre ameaçará muito dano, mas não gastará nenhuma carta do seu deck, uma vez que ela dará pitch para colocar os marcadores.
Crown of Seeds também se encaixa nesse conceito, uma vez que você volta a carta do seu arsenal para o seu deck (além do pitch que você deu para prevenir dano).
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Punir o Oponente Sempre que Possível
Às vezes o oponente abre um espaço para você (ou seja, ele não exigiu nada da sua mão). Nessas janelas, o deck de fadiga também deve punir o oponente, e não só se manter defensivo e dar a oportunidade de montar um turno muito impactante ao seu adversário.
Muitos jogadores não prestam atenção neste conceito e acabam construindo um deck de fadiga ruim.
Quando o jogador de fadiga acha um espaço, ele deve jogar algo que exija uma interação do oponente, mesmo que isso seja só sete de dano bruto. Algumas classes podem montar ataques muito disruptivos que arruínam o turno do oponente. Cartas de Contract de Assassin, diversos ataques de Guardian (principalmente as especializações de Bravo, Showstopper), e muitos outros.
Estudo de Caso: Oldhim
Com tudo isso em mente, vamos estudar um herói que teve o maior sucesso em um deck de fadiga por possuir absolutamente tudo que esta estratégia demanda: Oldhim, Grandfather of Eternity.
Este Guardian atingiu o status de Living Legend há cerca de um ano, e sua trajetória até atingir este status foi pavimentada com suas ferramentas, que eram perfeitas para a estratégia de fadiga. Diferente de todos os heróis Living Legends, ele não conseguia acessar Action Points facilmente, mas conseguia esgotar o deck do oponente como nenhum outro herói.
Vamos utilizar como base esta lista de Michael Feng, ganhador do Pro Tour: Baltimore de 2023.
A primeira observação é que Oldhim não precisava sempre compor um deck de fadiga - isso é vantajoso tanto por ele ser rápido quando necessário quanto por, dependendo do oponente, não precisarmos fadigá-lo.
Além da gama de cartas oferecidas pelos talentos Earth, Ice, Elemental, e a classe Guardian, o próprio Oldhim é uma das suas ferramentas de controle e, caso você conseguisse pagar sua habilidade com várias cartas com o talento Earth e Ice, suas duas ativações ocorriam.
Além do próprio herói, Staunch Response (3), Channel Lake Frigid (3), e Stalagmite, Bastion of Isenloft eram outras maneiras de se defender bem - seja prevenindo dano ou atrapalhando o turno do oponente.
O equipamento Crown of Seeds era uma das maneiras principais de aplicar a recursão deste deck e se defender ao mesmo tempo. Com o recurso gerado por Fyendal's Spring Tunic, podíamos colocar a carta do arsenal no fundo do seu deck para seu segundo ciclo e prevenir um de dano sem gastar nenhuma carta. Este equipamento era tão bom nesta estratégia que alguns jogadores até achavam que iria ser banido.
Ademais, sua arma, Titan's Fist, (lembre-se que Winter's Wail era banida na época) nos permitia atacar por quatro se déssemos pitch em uma carta azul - e, portanto, era a maneira principal de finalizarmos o jogo quando o oponente estivesse fadigado com sucesso.
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Caso seu oponente lhe desse abertura, ataques como Endless Winter, Pulverize, Spinal Crush, e Glacial Footsteps (1) exigiam uma interação por parte dele, ou ele seria muito punido, e seu turno seria mais restrito ainda ou até mesmo anulado.
Como Combater um Deck de Fadiga
Como vimos, um deck de fadiga coloca o deck do oponente em cheque. Não importa se o herói com a estratégia de fadiga finaliza o jogo com 40 ou 1 de vida - uma vez fadigado, o seu oponente dificilmente ganhará.
Contudo, é claro que essa estratégia não é invencível. Vamos ver algumas maneiras de combater essa estratégia:
Um Board State Largo
Quando era válida, Prism, Sculptor of Arc Light impedia qualquer deck de fadiga de jogar decentemente. Além de ter várias maneiras de se proteger das taxações de cartas com Soul Shield ou Arc Light Sentinel (2), Luminaris transformava todas as suas auras de Prism em Harmonized Kodachi. Isso significa que defender essas auras era sempre ineficiente e, por mais que você tentasse limpá-las, o board state dela sempre era maior, e assim tornava a sua derrota inevitável.
Outra heroína que constrói esse board state é Dromai, Ash Artist. Apesar de ser bem mais vulnerável já que seus dragões têm Phantasm, cartas como Ghostly Touch são eficientes para causar dano e te permitem causar dano com uma horda de dragões no fim de jogo.
OTK
Outra maneira de ganhar de um deck de fadiga é montar turnos de OTK (do inglês One Turn Kill), turnos nos quais causaremos quantidades tão grandes de dano que será impossível para o deck de fadiga absorver tudo sem perder o jogo.
Um exemplo de OTK era Iyslander, Stormbind com seu combo de Ice Eternal e três Frost Hex - isso causava aproximadamente 35 de dano em um turno. Adicionalmente, também podíamos montar um turno OTK com Viserai, Rune Blood quebrando vários Runechant no mesmo turno, ou se jogássemos Nitro Mechanoid junto de High Octane e atacássemos diversas vezes com Nitro.
Porém, note que todas essas estratégias dependem de várias outras cartas e preparação; por isso, um deck de fadiga não pode deixar esses decks prepararem seus turnos de OTK. Além disso, pitch stacking (termo utilizado para se referir a como estamos arrumando o deck para o segundo ciclo ou posterior) é extremamente importante para sabermos que cartas compraremos e se as compraremos no momento certo.
Plano de Pistola
Exclusivamente, Dash, Inventor Extraordinaire tem uma das melhores estratégias contra fadiga. Graças a sua arma, Teklo Plasma Pistol, e os itens Induction Chamber (1) e Plasma Purifier (1), é possível, com todos estes itens na mesa, atacar com 20 de dano por turno - e note que, para isso, só precisamos colocar marcadores nos itens ou na arma, o que não gasta nenhuma carta do seu deck.
Quebrar os itens deles ou tentar ganhar mais cedo é uma estratégia para ganhar de Dash, mas uma vez que todos estes itens estão em campo e eles têm várias cartas azuis, é bem difícil ganhar com deck de fadiga.
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Preservar o seu Deck
Essa estratégia exige um pouco mais de treino e varia bastante entre os decks, mas preservar algumas cartas-chave para turnos mais oportunos é um jeito de ludibriar a defesa do deck do oponente.
Algumas dessas atitudes envolvem construir o arsenal de maneira mais frequente, dar pitch em cartas-chave para o segundo ciclo (principalmente as que atrapalham o seu oponente). Além disso, gastar menos cartas é uma maneira de se preparar para o segundo ciclo.
Conclusão
Apesar de ser odiada por diversos jogadores, a estratégia de fadiga é bem sólida nos formatos que jogamos e tem os seus fãs. Mesmo que nenhum deck atual tenha o mesmo poder de Oldhim, Grandfather of Eternity, heróis como Bravo, Showstopper, Dorinthea Ironsong, e Dash, Inventor Extraordinaire vem usando bem esta estratégia, o que prova mais uma vez que ela é uma maneira excelente de ganhar jogos.
Obrigado por ler até aqui, e até a próxima!
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