Introdução
Nos primórdios do Flesh and Blood, um dos primeiros produtos selados eram os Heroes Decks. Eram decks pré-construídos para o Classic Constructed, cada um para os quatro primeiros heróis do jogo, mas a partir de Monarch os pré-construídos ficaram voltados ao formato Blitz.
Houve então uma grande movimentação da comunidade pedindo a volta dos Heroes Decks ou algo semelhante a um pré-construído para o Classic Constructed, e esse pedido veio em Maio através do Armory Deck de Kayo e, em breve, o Armory Deck de Boltyn.
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Vamos, então, analisar esse novo produto, sua lista, algumas possíveis melhorias e se o produto é um acerto da empresa em atrair novos jogadores ou só um pré-construído ruim.
O herói
Desde a temporada de spoilers de Heavy Hitters, Kayo, Armed and Dangerous chamou muito a atenção dos jogadores por ser um herói simples, mas que resolvia o maior problema da classe Brute: a consistência.
Enquanto Rhinar, Reckless Rampage e Levia, Shadowborn Abomination tem que se esquivar de ataques com poder menor ou igual a cinco por conta da consistência de descartes e/ou banimentos, Kayo não tem essa preocupação, abrindo uma possibilidade de se utilizar de muito mais azuis em seu deck do que qualquer outro Brute - trazendo assim mais consistência. Apesar de somente poder utilizar um equipamento 1H, tudo se compensa pela sua consistência e tokens de Might gerados.
Não à toa, Kayo já ultrapassou metade dos seus pontos de Living Legend, foi o herói que mais ganhou torneios da última temporada de Pro Quest e é um dos heróis favoritos dos Pro Players. Uma excelente escolha de herói para um pré-construído.
Mas, para tirar o maior proveito do herói, o deck precisa de algumas peças como ataques com, pelo menos, cinco de poder, alguns com go again (ou cartas que gerem Agility) e cartas poderosas que possam finalizar jogo - além de maneiras para descartar cartas para gerar Might. Vamos ver o deck em si e ver se esses requisitos são cumpridos.
O deck
Vamos começar então pela lista que o jogador terá ao abrir o produto selado:
O primeiro ponto interessante é que o deck é composto 100% de Attacks: não temos non-attacks, instants, reactions ou algo semelhante. Por conta disso, vamos separar em três partes:
- Engrenagens - as cartas que fazem o deck fluir/
- Utilidades - cartas que são mais específicas, mas que podem ser boas em determinadas situações;
- *Finalizadores - as que finalizam o jogo ou que te ajudam a isso.
Engrenagens
O deck do Kayo é agressivo, logo ele busca atacar diversas vezes no turno e tentar causar o maior dano possível em poucos turnos. Diversos ataques do deck visam fazer isso - seja com cadência ou com poderes maiores por baixo custo.
Wild Ride (1) e Pulping (1) são as únicas cartas que conseguem go again por si só. Em outros brutos, utilizar essas cartas pode ser arriscado pelo descarte falhar e você não obter o go again ou o dominate, mas Kayo possibilita que essas condições nunca falhem e, com isso, esses ataques acabam se tornando obrigatórios na lista.
Bare Fangs (1) é uma das melhores comuns. Ele sempre atacará para oito, fazendo um dos ataques mais agressivos e mais ameaçadores do deck, porém ele não possui valor de bloqueio - o que pode te colocar em situações estranhas, mas a melhor defesa de Kayo é o ataque.
Mas como todo bom aggro, não bastam somente seis cartas com go again no deck. Precisamos de cadência todos os turnos para colocar pressão sobre o oponente, por isso um grupo seleto de cartas podem nos ajudar nisso.
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Agile Windup (3) é uma das cartas mais importantes aqui. Quando descartada pela sua habilidade criamos um Agility (permitindo que o primeiro ataque do turno tenha go again) mas não só isso como também será criado um token de MIght pela habilidade do herói. Apesar do pré-construído ter somente três cópias, colocaremos mais delas no nosso upgrade. Assault and Battery (3) possui o mesmo propósito, mas salientando que sua habilidade de Beat Chest não é obrigatória, mas, caso decida fazê-la, a carta descartada não é escolhida a seu critério.
Clash of Agility (1) é muito bom quando sabemos que sempre ganharemos o Clash (como contra Ninjas ou Runeblades), mas pode ser arriscado mantê-los no deck contra determinados oponentes.
Às vezes não conseguimos criar a cadência que desejamos, por isso precisamos atacar com poderes maiores, e isso é possível com a criação de vários Might ou com cartas mais específicas do deck.
Não só o herói cria Might nessa lista. Cartas como Mighty Windup (3) e Pound Town (3) te ajudam nessa missão para consertar aqueles turnos mais estranhos ou que tenham um poder de dano menor.
Utilidades
Algumas cartas na lista parecem não fazer muito sentido com o que o arquétipo deseja fazer, mas são boas por cobrir algumas situações específicas que podem atrapalhar de verdade o plano do seu oponente.
Todas elas se explicam por si só. Humble (1) atrapalha diretamente heróis que dependem da habilidade como Dash I/O, Levia, Shadowborn Abomination e Katsu, the Wanderer, por exemplo, Rally the Rearguard (1) para ludibriar ataques com Dominate ou transformar ataques que não bloqueiam em algum tipo de defesa, Strength Rules All (1) (uma das cartas exclusivas desse deck) para tirar do arsenal ataques com poder pequenos, que é excelente contra Ninjas, e Wreck Havoc (1) como um Command and Conquer (1) que temos em casa.
Uma observação importante: no pré-construído Wreck Havoc (1) veio com um erro de impressão. Na carta está escrito “(...) then banish a defense reaction in their arsenal”, sendo que o correto é “destroy a defense reaction” conforme sua primeira impressão em Outsiders, por isso atente-se ao jogar com essa versão da carta.
|| 1 Run Roughshod (3))Enquanto que Battlefront Bastion (3) é muito útil para defender ataque menores consecutivos, Run Roughshod (3) possui um valor acima da média (uma azul que custa um, com poder cinco e bloqueia três), mas possui uma condição para ser jogado. É uma excelente carta para Kayo, mas caso não consiga jogá-la ainda é muito boa em seu papel de ser uma azul.
Finalizadores
Por ser um deck mais simples e diversas cartas recursivas (ou seja, cartas que fazem essencialmente o mesmo, mas de maneiras diferentes), não possuímos tantos finalizadores, mas há um bem forte em específico.
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Savage Beatdown (1) é extremamente específico para ser jogado e para tirar seu maior proveito, mas quando bem encaixado apresenta doze de dano de uma só vez, e em um grande turno ele não virá sozinho, por isso utilize-o para cobrar todas as cartas da mão do seu oponente ou mesmo finalizar o jogo.
Equipamentos
O destaque desse deck vai para os seus equipamentos - um grupo seleto de excelentes escolhas para um pré-construído:
Knucklehead, apesar de ser especialização do Kayo, é um dos melhores equipamentos raros do jogo basicamente por não existirem tantos equipamentos Temper 2 nessa raridade. Em geral, equipamentos Head nessa raridade bloqueiam somente um, e ter um equipamento como Knucklehead chega a ser surpreendente até. Sua habilidade você não irá ativá-la por ser muito arriscada, mas se estiver se sentindo com sorte, pode ser avassalador ter cinco ou até seis de intelecto.
Savage Sashé tão forte que fez ser o principal equipamento Chest entre as versões competitivas dos Brute. Além do Temper 2, sua habilidade permite com que diversas cartas passem a custar um ou até mesmo zero. Isso permite com que grandes turnos com muita cadência sejam o suficiente para drenar a vida do oponente consideravelmente.
Hide Tanner é uma espécie de Goliath Gauntlet com atraso, mas o fato de qualquer ataque se benificar do Might e ele ter Battleworn 1 justifica sua inclusão na lista.
Beaten Trackers é familiar em listas de Rhinar no Blitz e aqui ele possui o mesmo propósito: além do Battleworn 1, ele é excelente para ganhar um Action Point em um turno crucial - seja para finalizar o jogo ou cobrar a mão inteira do oponente.
Primeiras melhorias
Apesar de ser muito bem construído, sempre cabem algumas melhorias no deck, por isso vamos focar primeiro em cartas financeiramente mais baratas e, em seguida, ver uma lista completa com o melhor que o jogo tem a oferecer.
Essa lista carece de finalizadores, então a primeira coisa que devemos fazer é colocar algumas cartas que nos ajudem a ganhar o jogo.
Uma das melhores cartas de Brute que absolutamente todos os heróis desta classe fazem uso extensivo é Bloodrush Bellow (2). É bem simples cumprir seu quesito, habilita o Go Again de Mandible Claw e ainda cresce todos os seus ataques - além do custo um ser bem baixo. Em uma boa cadência, você consegue facilmente vazar mais quatro ou seis de dano graças a essa Action. Uma carta obrigatória para qualquer Brute e com certeza a primeira carta para se colocar em uma lista de Kayo.
Uma das cartas mais temidas pelos oponentes, Cast Bones (1) pode parecer difícil e super situacional para tirar seu valor máximo, porém graças a habilidade de Kayo revelar ataques com poder cinco ainda fazem o quesito da Action ser cumprido.
Com isso, deve-se ler Cast Bones (1) como uma Action de custo zero que dá mais seis de poder para o primeiro ataque do seu próximo turno e go again. Mesmo que a carta falhe em mostras seis ataques, ainda sim é muito forte revelando cinco ou até quatro.
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Runner Runner (1) é a típica carta engrenagem do deck, porém ela repõe o Agility do turno caso ela tenha go again, e isso garante o go again para o próximo turno e ainda ameaçar dano no oponente. Um excelente ataque pelo seu custo, poder e efeito.
Ainda convém colocar as cópias amarelas de Agile Windup (2) ou de Clash of Agility (2) para ter ainda mais possibilidades de gerar Agility. A escolha varia de meta para meta, mas aqui vamos colocar as amarelas de Agile Windup (2).
Além disso, uma carta bem interessante de se colocar na lista é Savage Feast (1) pelo baixo custo e ser muito forte caso consiga iniciar com turno com ele e go again de um Agility.
A versão competitiva
Com o upgrade anterior o deck pré-construído já ficará bem mais sólido com melhores finalizadores, mas com o upgrade completo teremos equipamentos melhores e alguns ataques melhores.
Essa é a lista de Daniel Correas que foi semifinalista no Pro Tour: Los Angeles. Note que diversas cartas já vem no pré-construído e, com o primeiro upgrade, já temos boa parte desse deck, restando somente colocar as melhores ferramentas.
Command and Conquer (1) já é muito bom por si só, mas aqui a possibilidade do poder ser maior e com go again o torna mais ameaçador ainda. O mesmo se aplica a Enlightened Strike (1) onde, com o go again já de um Agility, podemos livremente escolher outro modo que se encaixe melhor para o turno atual.
Alguns dos melhores ataques de Brute também fazem aparição aqui. Beast Within (2), caso seja descartado por um dos vários efeitos que o deck possui, acaba se repondo pela sua habilidade, mas caso ele vá para o cemitério por outros motivos (como destruído do topo ou do arsenal) o efeito também ocorre.
Send Packing (2) Faz um trabalho idêntico a Command and Conquer (1), na pior das situações o oponente bloqueará esse ataque e a carta do arsenal irá para a mão. Além da informação que você obteve da carta do arsenal, você atrasou possivelmente um turno poderoso do oponente, além disso, caso essa carta do arsenal seja uma Defense Reaction ela é banida antes da fase de reações, atrapalhando ainda mais o bloqueio do oponente.
Swing Big (1) é o mais puro ataque bruto que a classe possui. Um custo dois com poder oito é bem acima da média, e o que seria sua desvantagem em dar um token de Quicken para o oponente pode nem ser tão problemático contra diversos decks (por exemplo, esse token é irrelevante para Ninjas ou Wizards).
Scowling Flesh Bag é um dos melhores equipamentos Head do jogo. Se utilizado em momentos corretos, você pode acabar com o turno do oponente impedindo que ele tire o máximo proveito. Você pode, por exemplo, impedir que um Maximum Velocity seja jogado, ou um turno de Art of War (2) menos poderoso.
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Apex Bonebreaker é excelente por possuir Temper 2, mas o fato de sua habilidade gerar Might não só torna o equipamento bem defensivo como também muito ofensivo. Como haverá momentos em que o herói precisará bloquear, esse equipamento devolve a ofensiva.
O Pro Tour: Los Angeles ocorreu antes do lançamento desse pré-construído, mas após o lançamento cartas do pré-construído substituíram outras cartas nas listas mais competitivas. Diversos jogadores deixaram de usar Fyendal's Spring Tunic para utilizar Savage Sash e a azul Run Roughshod (3) como uma carta azul bem flexível.
Conclusão
Apesar de decks pré-construídos serem conhecidos por não serem essencialmente fortes, o Armory deck de Kayo promete entregar ao que ele se propõe: um deck consistente, que possui um plano simples e que é bem executado. Ele não possui cartas complexas para entendimento e algumas jogadas são bem simples de se executar.
Um deck simples, com bastante espaço para melhorar sem necessariamente se desfazer do deck inteiro e bem pensado. O pré-construído é excelente para novatos e um bom produto para quem já joga também.
Obrigado por ler até aqui e até a próxima.
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